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sábado, 28 de janeiro de 2012

Avicultura

1. INTRODUÇÃO

A avicultura praticada e desenvolvida há muitos séculos pelos mais distintos povos, é hoje tão desenvolvida que o avicultor moderno está armado de todos os recursos para alcançar pleno êxito neste lucrativo negócio.
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de frangos, situando-se ora no terceiro, ora no segundo lugar entre os maiores produtores internacionais. Apesar das crises econômicas que freqüentemente assolam a sociedade brasileira, a avicultura vem evoluindo de maneira contínua. Se levar em consideração todas as atividades econômicas que giram em torno da avicultura (indústria química e farmacêutica, indústria de máquinas e equipamentos, produção de soja e milho, produção de aves e ovos, abatedouros, comercialização...), este setor agro-industrial é responsável por uma circulação de 5 bilhões de dólares anuais, gerando mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos.

Esta atividade dinamiza outros setores produtivos do país, especialmente a produção de soja e milho. As inovações tecnológicas são aportadas pelos trabalhos de inúmeros centros de pesquisa, universitários ou não, localizados principalmente no sudeste e no sul do país. Desta foram a avicultura nacional é a atividade agropecuária mais tecnificada do país, tendo mesmo uma posição destacada quando comparada com aquela de países mais avançados do hemisfério norte.
Entretanto, o Brasil se encontra em posição altamente desvantajosa no que se diz respeito ao melhoramento genético. Por causa disso, o país tem que investir cerca de 15 milhões de dólares na importação das aves reprodutoras. Esta aparente desvantagem aponta, entretanto, para a possibilidade de crescimento real e importante da atividade em direção ao objetivo de produzir linhagens nacionais. Isto daria ao Brasil a possibilidade de dinamizar ainda mais essa agro-indústria, trazendo não apenas resultados financeiros significativos, como também promovendo um incremento das atividades técnico-científicas neste setor.
Já a expansão do mercado interno é tarefa que cabe à sociedade desde que o consumidor tenha capacidade de aquisição, graças a uma melhor distribuição de renda, a indústria avícola nacional tem capacidade de responder à demanda.

2. PLANEJAMENTO DE INSTALAÇÕES AVÍCOLAS

É feito após a escolha do terreno que deve ser preferencialmente plano, próximo a fontes como água e alimentos, próximos de mercado consumidor e onde se encontra mão-de-obra facilmente. O planejamento compreende os galpões para aves, depósitos de ração, escritório, etc.
Tanto as instalações essenciais como as complementares, deverão ser programadas conforme um determinado volume de produção, para atividade imediata ou desenvolvimento futuro, mas prevista dentro de um esquema racional e compatível com todos os elementos estudados no planejamento.
A localização dos galpões de criação deverá ter em mira facilitar as operações manejo, favorecer a entrada e saída de veículos transportadores de ração, engradados com frangos, material avícola e ao mesmo tempo, proteger as aves das contaminações possíveis e difundidas por esse material em trânsito.
Deve-se respeitar detalhes como orientação dos galpões em relação ao sol e aos ventos dominantes, espaçamento e distribuição dos galpões dentro do terreno, prevendo possíveis expansões, dimensionamento dos galpões e das instalações complementares diante do volume da criação programada, orientação dos galpões na direção leste-oeste, de maneira que no calor de verão a linha de percurso do sol seja paralela a cumieira do galpão e espaçamento entre galpões, a fim de facilitar tráfego de veículos e dificultar proliferação de doenças de um galpão para outro.
3. IMPLEMENTOS E MANEJO

3.1 PINTEIRO

Os implementos necessários aos pinteiros de piso com cama variam muito, conforme o manejo adotado em cada granja, mas basicamente é composto por campânulas, comedouros, bebedouros, círculo protetor dos pintos, cama, termômetros, cortinas, fichas de controle.
A campânula deverá estar funcionando normalmente antes do recebimento dos pintos para perfeita regulagem, que deverá ser de 32ºC na primeira semana e 29ºC na segunda semana.
Os comedouros de bandeja, devidamente abastecidos, deverão estar dispostos em círculo no espaço entre a borda da campânula e o círculo protetor, alternados com bebedouros de pressão.
Os bebedouros de copo ou calha deverão ser lavados e desinfetados diariamente. As algas ou bolores que se formam nas paredes podem provocar infecções, enterites e diarréias. A água deve ser limpa, fresca e potável para uso humano. Qualquer umidade ou emplastramento da cama deverá ser imediatamente removido e substituído por uma cama nova e seca.
Os pintos deverão ser aclimatados o mais rapidamente possível, isto é, quanto mais cedo eles se adaptarem a temperatura ambiente, melhor. Isto porque os pintos superaquecidos serão retardados no crescimento e empenamento.


3.2 FRANGO DE CORTE
A criação deverá ser feita em um único local, isto é, os pintos deverão ser criados desde um dia, até o final, no mesmo ambiente. Com essa medida, livramos as aves das tensões psíquicas e evitamos a formação dos casos de stress que aparecem quando as aves são manuseadas ou desambientadas, vezes seguidas, em prejuízo do desenvolvimento, rentabilidade e melhor comercialização.
O avicultor deverá observar suas aves e dar-lhes todo o espaço necessário nos comedouros e bebedouros, para que nenhuma fique sem lugar para comer.
Em relação ao arraçoamento, os comedouros não podem estar completamente cheios, afim de evitar desperdícios, porém, não pode faltar ração para que as aves tenham ganho de peso constante. A altura dos comedouros e bebedouros deve acompanhar o crescimento das aves.
3.3 POEDEIRAS EM GAIOLAS

Esse tipo de criação tem como principais vantagens maior rendimento da mão-de-obra, maior rendimento de espaço em confinamento total, eliminação rigorosa das más poedeiras pelo controle individual de postura, maior porcentagem de postura o ano inteiro, economia de ração devido ao pouco desperdício, eliminação da escala social entre as aves diminuindo o stress, alta produção de ovos limpos e íntegros sem cascas quebradas e trincadas, mortalidade reduzida ao mínino.
O esterco que se acumula debaixo das gaiolas deve ser retirado afim de evitar proliferação de larvas de moscas, a limpeza dos bebedouros deverá ser diária, a distribuição da ração deverá ser constante respeitando a altura dos comedouros, coleta dos ovos com freqüência de acordo com a temperatura, realizar a anotação individual de postura, ter um manejo adequado de iluminação, pois a luz estimula a produção de ovos, e promover descartes de aves velhas ou que não produzem ovos em quantidades adequadas.
4. ALGUMAS DOENÇAS DAS AVES

4.1 DOENÇA DE NEWCASTLE
É uma enfermidade produzida por um vírus e que ataca galinhas e outras aves domésticas; os palmípedes lhe são resistentes.
A doença é propagada principalmente pelo contato das aves sãs com doentes, porém como o vírus está presente na secreção nasal e nos excrementos, pode ser levado de uma criação a outra por pessoas, por meio de engradados, sacos e outros objetos.
Os primeiros sintomas surgem na primeira ou segunda semana de exposição à infecção; são mais precoces e de evolução mais rápida nos pintos. Consistem em catarros, bronquite e perturbações nervosas, às vezes com tosse e espirros. As aves doentes perdem o equilíbrio e assumem posições características. O pescoço torcido é freqüente. Os sintomas nervosos são mais pronunciados nos pintos que nas aves adultas.
Em galinhas de postura, o consumo de alimentos diminui conseqüentemente a produção de ovos cai, quase desaparecendo e os poucos ovos postos apresentam casca fraca e de forma irregular.
Quando a doença surge em um aviário, são úteis as seguintes medidas: isolamento dos doentes e sacrifício no mínimo dos que apresentem sintomas nervosos; desinfecção dos abrigos, equipamentos e utensílios; queima das camas. Evitar a introdução do vírus na granja e proteção por meio de vacinas também é valido.
O vírus da doença de Newcastle pode produzir conjuntivite no homem.
4.2 PULOROSE
A pulorose ou diarréia branca é uma doença muito contagiosa que dizima os pintinhos nas três primeiras semanas de vida. É produzida pela bactéria Salmonella pullorum que se aloja nos ovários e é um dos poucos germes que infectam os ovos antes da postura.
O micróbio pode penetrar no organismo por meio de alimentos, ar ou água contaminados, sendo encontrado no sangue dos pintos que morrem com a doença e nos excrementos dos pintos infectados.
Os pintinhos infectados com pulorose ficam tristonhos, friorentos e arrepiados, com asas caídas, amontoados, inapetentes e com os olhos fechados; apresentam diarréia branca, espumosa e pegajosa, às vezes pardacenta; muitos deles ficam com o ânus fechados por um tampão de excremento endurecido; outros soltam pios agudos quando defecam. Algumas mortes ocorre antes do aparecimento da diarréia.
Não se deve criar pintos de ovos de galinhas portadoras do micróbio da doença, por se espalhar facilmente. Todas as galinhas devem ser examinadas, ou seja, submetidas ao teste de aglutinação da pulorose. As aves portadoras do mal devem ser afastadas. Tratamento da pulorose de forma preventiva é aconselhável.
4.3 TIFO
O aviário é produzido pela Salmonella gallinarum, que causa grandes prejuízos, porque dizima as criações. É mais comum em aves mantidas em más condições de higiene. Ataca de preferência aves adultas só excepcionalmente pintos, quando se confunde com a pulorose. As aves atacadas podem morrer repentinamente, sendo comum a morte depois de uma semana.
Os sintomas não típicos, são principalmente perda de apetite, sonolência, palidez da crista, penas arrepiadas e diarréia amarelo-esverdeada. Há febre, às vezes artrite. Nos casos de evolução demorada, os doentes ficam muito magros e fracos.
4.4 BRONQUITE
É uma enfermidade produzida por vírus que provoca alta mortandade nos pintos e faz baixar a postura das galinhas.
Podem apresentar dificuldades respiratórias semelhantes com os da doença de Newcastle, porém sem perturbações nervosas.
Em algumas galinhas a falta de postura coincide com as dificuldades respiratórias. Vacinas podem ser aplicadas por meio da água, injeção ou por nebulização.
4.5 SÍNDROME DA MORTE SÚBITA
Mortes súbitas ocorrem nos plantéis apresentando bons desempenhos em termos de ganhos de peso, afetando principalmente os machos. Estas mortes não apresentam causas evidentes, podendo ocorrer com aves consideradas normais. Entretanto, as aves mortas apresentam um quadro típico de insuficiência circulatório, além de uma massa corporal particularmente importante. Algumas medidas de manejo, especialmente aquelas contribuindo para minorar as situações de stress, contribuem para reduzir a mortalidade.
4.6 SÍNDROME DE ASCITE
A ascite é um síndrome de múltiplas origens, caracterizada por um acúmulo de líquido, de cor clara ou âmbar, na cavidade abdominal. Ocorrem danos hepáticos, cardíacos e pulmonares, nas aves afetadas.
Nos lotes afetados, pode-se observar aves ofegantes, com o bico aberto, durante as partes mais frias do dia. Nos estágios terminais da ascite, as aves afetadas se mostram letárgicas, e apresentam cianose acentuada na crista.
4.7 SÍNDROME DA CABEÇA INCHADA
Conhecida pela sigla SHS (Swollen Head Syndrome). Esta patologia tem sido relacionada com a ocorrência de lesões do sistema respiratório anterior, semelhante à coriza, acompanhada de edema facial e submandibular, e eventual otite. Esta doença é causada por Pneumovirus, associado a outros agentes infecciosos, principalmente com E. coli. As aves afetadas apresentam um processo inflamatório intenso, principalmente nos condutos naso-lacrimais, com a presença de secreção muco-catarral nas narinas, lacrimejamento e blefarite.
Na seqüência, o tecido subcutâneo submandibular, o tecido ósseo do crânio e as meninges, são atingidos, caracterizando a síndrome da cara inchada ou SHS.
5. EXIGÊNCIAS DE INVESTIMENTO

Ao iniciar no ramo da avicultura, que aparentemente é uma área simples de se lidar, porém o iniciante encontrará algumas exigências que deverão ser seguidas como a assistência de um responsável técnico para as etapas de elaborações dos projetos de instalação e de manejo do aviário.
O criador deverá ter disponibilidade de recursos financeiros para investimento inicial, interesse da indústria e comércio, acesso à propriedade em qualquer época do ano, encontrar mão-de-obra com dedicação permanente na propriedade e ter água de boa qualidade e energia elétrica.






6. VANTAGENS DA AVICULTURA

i) Pequena área para implantação de uma granja;
ii) Alta capacidade de rendimento por área coberta de abrigo;
iii) Trabalho moderado, mão-de-obra familiar;
iv) Eficiente com outros ramos da exploração agropecuária;
v) Fixação do homem no campo, com geração de grande quantidade de empregos;
vi) Grande capacidade de conversão de grãos e outros produtos em carne e ovos;
vii) Carne e ovos = produtos de grande importância na alimentação humana;

viii)Ciclo de produção rápida, bom retorno em período relativamente curto.


7. PRINCIPAIS CAUSAS DO INSUCESSO DA AVICULTURA

I) Em 95% dos casos, a culpa é do próprio produtor;
II) Empreendimento em negócio avícola sem estar tecnicamente capacitado;
III) Falta de compreensão das leis básicas da natureza;
IV) Avicultores trabalham sem base econômica, contando exclusivamente com crédito bancário. Pequenas crises põem em risco o negócio;
V) Falta de planejamento;
VI) Criação com base em “palpites”;

VII) Falta de previsão;

VIII)Crescimento desordenado, com prejuízo na qualidade;


8. REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Sérgio Luiz et al. Frango de corte: Integração Produtor/Indústria. ago. 2004.
COTTA, Tadeu. Produção de carne de frango. Lavras: UFLA/FAEPE, 1997.
INSTITUTO CAMPINEIRO DE ENSINO AGRÍCOLA. Curso de avicultura. ed.4. Campinas, 1973.
KUSSAKAWA, Kátia C. K. Avicultura no Brasil. Pontífica Universidade Católica do Paraná.

Um comentário:

  1. Olá
    Parabéns pelo Blog
    Me auxiliou no meu trabalho e
    adorei o design
    Acho que seria interessante
    postar sobre criações alternativas
    Obrigado e continue assim

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