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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Manejo Reprodutivo do Rebanho



1) Como deve ser o manejo do Rebanho de cria na época de nascimento?

Na época de nascimentos, o rebanho de cria deve ser mantido em um pasto-maternidade, com a finalidade de se proporcionar assistência adequada tanto às fêmeas quanto aos bezerros, por ocasião da parição. Isto possibilita que, imediatamente após o nascimento, possa ser efetuada a cura do umbigo do bezerro e prestado auxílio às fêmeas durante a parição, especialmente em caso de parto difícil (parto distócico). Convém salientar que o aspecto nutricional do animal, durante o terço final de gestação, é de extrema importância para o retorno ao cio. A reposição da condição corporal de animais mal nutridos, além de ser onerosa, retarda muito a manifestação do primeiro cio fértil no pós-parto, aumentando, consequentemente, o intervalo entre partos e diminuindo a taxa de prenhes do rebanho.

2) Quais as vantagens da distribuição do rebanho nos pastos, separado por categoria (sexo e idade)?

Esse procedimento possibilita a utilização de técnicas de manejo específicas para determinado grupo de animais, tais como: época de monta diferenciada para novilhas, suplementação alimentar estratégica para novilhas de primeira cria, maiores cuidados com as crias após o nascimento (pasto-maternidade) e facilidade para atender a requerimentos nutricionais diferenciados para bezerros desmamados e novilhos em terminação.
3) Como aumentar a eficiência reprodutiva do rebanho de cria, ou seja, como aumentar o 
nascimento de bezerros na criação extensiva?

A nutrição adequada é um dos fatores que mais contribui para o aumento da eficiência reprodutiva do rebanho de cria. Paralelamente, diversas técnicas de manejo devem ser utilizadas para que esse objetivo seja alcançado. Dentre elas, pode-se destacar, em primeiro lugar, o estabelecimento de uma estação de monta de curta duração, a fim de que o período de maior requerimento nutricional (lactação) coincida com o de maior oferta de alimentos. Dessa maneira, as demais atividades de manejo serão disciplinadas e poderão ser aplicadas em idades corretas e em épocas do ano mais adequadas, tais como: esquema de vacinação, vermifugação, castração, descorna, desmama, descarte etc. O estabelecimento de um período de monta auxilia também na identificação de animais de baixo potencial produtivo, ou improdutivos, os quais, após identificados, devem ser descartados.

4) Como medir a eficiência reprodutiva do rebanho?

A eficiência reprodutiva é medida pelo número de bezerros desmamados por ano, em relação ao número de fêmeas em idade de reprodução. No entanto, devem ser considerados, também, o peso desses bezerros na época da desmama e a área utilizada para a sua produção, de modo que a produtividade possa ser avaliada em valores de Kg de bezerro desmamado/hectare/ano.

5) O que condiciona a relação touro:vaca na criação extensiva e qual é a relação recomendada para monta natural a campo?

A relação touro: vaca para monta natural a campo depende, em primeiro lugar, da idade do touro e de seu estado de saúde e nutrição; e, em segundo lugar, do manejo dado ao rebanho de cria. A relação deve ser menor para touros jovens (1:10 a 1:15), podendo chegar a 1:40 para touros adultos. Na média, a relação mais utilizada é a de 1:25; no entanto, dependendo da área e topografia do terreno, ela pode ser ampliada. Quando houver necessidade de se colocar mais de um touro por lote de fêmeas no mesmo pasto, recomenda-se que sejam selecionados animais da mesma idade, tamanho ou peso. Os índices de fertilidade serão drasticamente reduzidos se houver um touro dominante subfértil ou infértil. Para evitar esse problema, sugere-se que se faça em todos os touros, antes do período de monta, um exame andrológico completo, que compreende exame clínico, exame das características do sêmen e o teste da libido.

6) Qual é a relação touro:vaca recomendada para o Pantanal Mato-grossense?

A relação mais utilizada naquela região é a de 1:10. No entanto, trabalhos recentes de pesquisa têm demonstrado que, com o emprego da relação 1:20, é possível alcançar índices de fertilidade semelhantes aos obtidos com o emprego da relação 1:10.

7) Quais são os critérios para se estabelecer a estação de monta?

O estabelecimento do período de monta vai depender de qual época o produtor deseja que os nascimentos e a desmama ocorram. Como a gestação demora em torno de nove meses e meio, ela deve ter seu início programado por igual período antes da primeira parição. No Brasil Central, a monta natural deve se concentrar durante a estação chuvosa, na qual há maior disponibilidade de pastagens de melhor qualidade. Assim, os nascimentos ocorrem durante o período seco, época na qual são baixas as incidências de doenças (pneumonia) e de parasitos (carrapatos, bernes, moscas e vermes). Outros pontos importantes a favor desse período são: a coincidência do período de lactação (grande demanda por nutrientes de qualidade) com a época de pastagens de boa qualidade; a redução das exigências nutricionais das vacas, pois a desmama é efetuada no início do período seco; o descarte, no início da seca, de vacas vazias e animais de baixa eficiência produtiva, liberando pastagens para as demais categorias de animais; e a castração e a marcação poderem ser efetuadas na idade correta e na época de baixa incidência de bicheiras.

8) Como passar da monta natural durante todo o ano para uma estação de três meses de duração?

No Brasil Central, onde geralmente o touro é mantido com as vacas durante todo o ano, a grande concentração de nascimentos ocorre de agosto a setembro, que corresponde à monta de novembro e dezembro. Como o período de monta recomendado para uma estação de três meses de duração vai do início de novembro ao final de janeiro, recomenda-se a redução do período de monta gradualmente, eliminando-se, a cada ano, de 1 a 2 meses, até atingir-se a duração ideal.

9) Justifica-se o estabelecimento de duas estações de monta durante o ano? Por exemplo, novembro a janeiro e abril a junho?

Não; pois, considerando que o manejo e a alimentação são semelhantes para todas as vacas, estaríamos premiando aqueles animais de baixa eficiência reprodutiva, que não conceberam durante o período desejado. Apesar de se reduzir o intervalo entre partos, estaríamos fazendo uma seleção negativa para fertilidade. Os nascimentos resultantes do período de monta complementar ocorreriam durante a época das águas, período em que são altas as incidências de doenças e parasitos. Além do mais, a ocorrência de nascimentos durante um longo período do ano dificulta a aplicação das técnicas de manejo nas épocas e idade mais adequadas.

10) Como identificar vacas no cio?
As vacas no cio podem ser identificadas principalmente pela mudança no seu comportamento. Elas se mostram irrequietas, caminham bastante, montam e se deixam montar por outros membros do rebanho e, normalmente, agrupam-se em torno do rufião ou touro. Durante o cio, a cauda se apresenta levemente erguida e, às vezes, pode ser notada a liberação de um muco cristalino. A detecção de animais no cio pode ser facilitada com o auxílio de rufiões (machos ou fêmeas androgenizadas) que utilizam preso ao pescoço, um buçal marcador contendo uma mistura de pó-xadrez (tinta) e óleo grosso queimado. Durante a monta, a tinta é liberada do buçal, identificando, assim, os animais que manifestaram cio.

11) Qual a duração do cio nas vacas Nelore e em que período do cio as vacas devem ser inseminadas?

A duração média do cio das vacas Nelore é de aproximadamente 12 horas, portanto inferior à observada nas vacas de raças europeias (18 a 22 horas). A inseminação deve ser efetuada próximo ao final do período de manifestação do cio. Portanto, para que se obtenham elevados índices de fertilidade à inseminação, é necessário que se conheça o momento em que as vacas manifestam os primeiros sinais de cio.

12) Por que ocorre e como evitar o anestro?

O anestro é o período de completa inatividade sexual, durante o qual não há sinais de manifestação de cio. Portanto, o anestro não é uma doença, mas um estado fisiológico do animal. Ele é observado durante o período que antecede a puberdade das fêmeas, na gestação e durante o pós-parto. O anestro ocorre devido à insuficiência hormonal que impede o desenvolvimento folicular e a manifestação do cio. As principais causas podem ser resultantes de fatores ambientais, como estação do ano, lactação e nutrição; anormalidades do ovário, como hipoplasia e cistos ovários e, também, devido a fatores uterinos, como gestação, mumificação e maceração de feto, e piometra. A principal causa de anestro durante o pós-parto é a amamentação. Devido à intensidade e à frequência da amamentação, o período de anestro pode ser prolongado, principalmente em animais que sofreram restrição alimentar durante a gestação ou lactação. A nutrição inadequada, principalmente durante o terço final de gestação, piora as condições corporais da vaca ao parto, aumentando o período de anestro. Portanto, nos períodos de deficiência nutricional, a desmama precoce ou antecipada pode ser utilizada para reduzir os requerimentos nutricionais da vaca, antecipando, assim, o retorno da atividade reprodutiva após o parto.

13) O que é mais eficiente: a monta natural ou a inseminação artificial? Quando adotar a inseminação? 

Considerando-se apenas o número de bezerros produzidos, e não a melhoria genética do rebanho, a monta natural pode ser mais eficiente do que a inseminação artificial. Na inseminação artificial, a obtenção de altas taxas de fertilidade depende da qualidade do sêmen utilizado, da técnica de descongelamento e inseminação, do estado sanitário das fêmeas e, principalmente, do momento correto de inseminação. A inseminação deve ser adotada segundo o objetivo que se pretende atingir. Se a intenção for a de melhorar o padrão genético do rebanho, a inseminação é a técnica mais importante e eficiente. Isto porque o sêmen de poucos machos selecionados, com características genéticas desejáveis, possibilita a inseminação de milhares de fêmeas a cada ano. No cruzamento industrial, por exemplo, na maioria das vezes a utilização de raças europeias só pode ser feita pela inseminação artificial, devido à baixa fertilidade dos touros europeus puros não adaptados às nossas condições climáticas, ou ao custo elevado de aquisição de touros de elevado padrão genético.

14) Qual é o significado da inseminação artificial para o melhoramento do rebanho?

Como já mencionado, a inseminação artificial é a técnica mais importante, de custo acessível, para acelerar a melhoria do padrão genético do rebanho, embora os benefícios de sua adoção possam ser mais facilmente observados em gado de leite do que em gado de corte. Isto porque, no sistema de criação extensivo de gado de corte, há dificuldades de detecção de animais no cio. No entanto, com a introdução de novos métodos de indução ao cio e sincronização do cio, a inseminação artificial passa a assumir papel de destaque na pecuária de corte, principalmente com a intensificação dos programas de produção de novilho precoce.

15) É verdade que a inseminação artificial pode reduzir a natalidade do rebanho? Quantas vezes deve-se inseminar uma vaca que repete o cio?

Sim. A natalidade do rebanho inseminado pode ser drasticamente reduzida se não forem tomadas as devidas precauções, relacionadas ao momento correto de inseminação, ao emprego correto de técnicas de descongelamento e inseminação, ao uso de sêmen de fertilidade comprovada e aos cuidados com o estado sanitário das fêmeas. Uma fêmea não deve receber mais do que duas doses de sêmen, se os animais estiverem em perfeito estado de saúde e nutrição, e se forem seguidos os procedimentos corretos para a observação do cio e inseminação. Animais que repetem o cio após várias inseminações podem apresentar problemas de ordem anatômica ou fisiológica e devem ser eliminados do rebanho.

16) Como se prepara um rufião e qual é a relação rufião:número de vacas?

Os machos destinados à produção de rufiões deverão ter aproximadamente 12 meses de idade. A cirurgia, realizada por médico-veterinário, consiste no desvio lateral do pênis, para evitar sua penetração durante a monta. Outro método muito utilizado, porém um pouco dispendioso, consiste na utilização de vacas tratadas com o hormônio masculino testosterona (vacas androgenizadas). A relação rufião: número de vacas pode ser a mesma de touro: vaca.

17) Quando aplicar hormônio para induzir ovulação nas vacas?

A sincronização do cio de fêmeas bovinas pela aplicação de hormônios é utilizada principalmente para facilitar a inseminação artificial em gado de corte ou de leite. O trabalho de observação do cio e inseminação, que normalmente é efetuado durante todo o período de monta, fica reduzido a uma semana por lote de 50 a 60 fêmeas. A concentração do período de inseminação faz com que os nascimentos também ocorram na época mais desejada e no menor espaço de tempo possível. Isso permite uma melhor utilização da mão de obra disponível, além da obtenção de lotes uniformes de animais. Como o custo da sincronização é elevado, sua utilização depende da finalidade da exploração (gado puro, cruzamento industrial, etc.); em rebanho comercial, na maioria das vezes, não compensa financeiramente.

18) Como se faz a transferência de embriões?

Vacas de alto potencial genético (doadoras) são tratadas com hormônios, para a indução de ovulações múltiplas, com 20 ou mais óvulos produzidos por indução. Esses óvulos, se fertilizados após a inseminação, transformam-se em embriões. Obviamente, como a vaca que produz esses embriões extras não tem capacidade para produzir tantos bezerros, esses embriões são transferidos (via cirúrgica ou não cirúrgica) para outras fêmeas devidamente sincronizadas (receptoras), onde eles serão implantados e permanecerão até o final da gestação. Na transferência de embriões (inoculação) via cirúrgica, os cornos uterinos são exteriorizados mediante uma cirurgia de flanco (laparatomia), e os embriões transferidos para o corno uterino adjacente ao ovário com o corpo lúteo. Pelo método não cirúrgico, os embriões são transferidos para o corno uterino, mediante a utilização de um aplicador (inoculador), através do canal vaginal e cervix. É importante lembrar que, para os dois métodos de transferência, há necessidade de as receptoras e doadoras estarem na mesma fase do ciclo estral.

19) Quando e como fazer o diagnóstico de gestação?

O diagnóstico de gestação pode ser efetuado a partir de 40 dias após a monta ou inseminação. Se utilizado o período de monta de novembro a final de janeiro, o diagnóstico pode ser realizado entre março e abril, antes do período seco, de modo a se descartarem, o mais cedo possível, as vacas falhadas. A maneira mais prática de se efetuar o diagnóstico de gestação é pelo toque retal, efetuado por um médico-veterinário. O operador insere seu braço no reto do animal e, pela manipulação do útero, procura detectar as modificações na sua estrutura, que são características da gestação, como o diâmetro dos cornos uterinos, a presença do feto e membranas fetais.

20) Qual é a duração da gestação e qual o intervalo médio entre partos em gado de corte?

O período de duração da gestação para zebuínos abrange cerca de 290 dias. O intervalo médio entre partos depende do sistema de exploração pecuária. Nos sistemas de pecuária extensiva, esse intervalo varia de 20 a 24 meses. No entanto, com a intensificação dos sistemas de manejo e alimentação, esse intervalo pode ser reduzido para 12 a 13 meses.

21) A vaca inseminada que repete o cio mais de uma vez pode ser posta com touro?

Não sendo diagnosticada nenhuma anormalidade, ela pode ser posta com touro. Contudo, ela deve ser eliminada se permanecer vazia após a monta natural.

22) Qual a duração da vida útil da vaca de corte e qual o número médio de crias?

A vida útil da vaca de corte pode ir além de 12 anos; no entanto, após 10 anos de idade, a produção de leite entra em declínio e o animal passa a desmamar bezerros mais leves. Considerando-se 4 anos como a idade média ao primeiro parto, e o descarte aos 10 anos de idade, a vaca deixa, em média, de 4 a 5 bezerros. Contudo, essa produtividade pode ser melhorada sensivelmente, reduzindo-se a idade à primeira cria e o intervalo entre partos.

23) Quais são os principais critérios para o descarte de vacas do rebanho?

Os principais critérios para o descarte de vacas são a idade, a repetição de cio e a habilidade materna. Isto porque: • idade  após 10 anos, as vacas passam a desmamar bezerros mais leves, que têm, por isso, seu desenvolvimento futuro prejudicado; • repetição de cio  apesar de serem cobertas por touros reconhecidamente férteis, há vacas que retornam ao cio repetidamente; • habilidade materna  vacas que não são boas mães, ou que produzam pouco leite, contribuem para a mortalidade de bezerros na fase de aleitamento, ou desmamam bezerros muito leves.

24) O descarte de vacas e a seleção das novilhas de substituição devem ser feitos antes ou depois da estação de monta? Quantas vacas devem ser substituídas anualmente no rebanho de corte?

O descarte de vacas vazias ou das de baixa produtividade deve ser efetuado após o diagnóstico de gestação e antes do início do período seco. As novilhas para substituição devem ser selecionadas antes da estação de monta, com base no seu desenvolvimento corporal. Recomenda-se que, a cada ano, sejam substituídas cerca de 15 vacas de cada 100 do rebanho (15%). Dessa forma, as vacas permanecem no rebanho por cerca de 6 anos, sendo descartadas aquelas entre 9 e 10 anos de idade.

25) Quais são as melhores épocas do ano para o nascimento e a desmama de bezerros?

No Brasil Central, a melhor época do ano para o nascimento de bezerros é durante o período seco (julho a setembro), quando são baixas as incidências de doenças e de parasitos. A desmama, aos 6-7 meses de idade, pode ser realizada de março a abril, próximo ao início do período seco. Apesar de a época de desmama não ser a mais favorável, a utilização de pastos diferenciados ou a suplementação alimentar dos bezerros desmamados possibilitam a manutenção ou mesmo algum ganho de peso durante o período seco.

26) Qual é a influência da idade de desmama sobre o desempenho reprodutivo da vaca?

Em condições de deficiência nutricional, o desempenho reprodutivo das vacas de cria aumenta significativamente com a antecipação da idade de desmama. Contudo, o desenvolvimento dos bezerros pode ser prejudicado se eles forem desmamados com peso inferior a 90 kg e não receberem suplementação alimentar. A idade de desmama vai depender, portanto, da disponibilidade de forragem e da condição corporal das vacas.

27) Quais as vantagens da sincronização do cio em gado de corte?

As dificuldades encontradas para a observação do cio em gado de corte, principalmente nos sistemas de exploração extensiva, têm limitado a utilização da inseminação artificial. Os métodos de sincronização do cio visam concentrar os períodos de cio em curto espaço de tempo, de modo a facilitar o emprego da inseminação artificial. Assim, além de concentrar os períodos de manifestação de cio e parição, a sincronização do cio permite a formação de lotes homogêneos de animais, nas épocas mais adequadas, e a racionalização da mão-de-obra disponível. (Ver, também, resposta à pergunta 17.)

28) Por quanto tempo o touro deve permanecer no rebanho?

A vida reprodutiva dos touros pode ir além de dez a doze anos. No entanto, os touros devem ser substituídos ou trocados de rebanho, a cada três anos, para evitar que cubram suas próprias filhas.

29) Quais os parâmetros avaliados no exame andrológico de reprodutores, a campo?

O exame andrológico completo compreende o exame físico-clínico geral, a avaliação das características físicas e morfológicas do sêmen e o teste de comportamento, que inclui a avaliação da libido. No entanto, a campo, nem todas as características físicas e morfológicas do sêmen podem ser determinadas. Parâmetros como a percentagem de vivos ou mortos, concentração e patologia são avaliados em laboratório. Das características físicas, as mais comumente avaliadas a campo são volume, aspecto, cor, pH, motilidade (percentagem de espermatozóides móveis), motilidade progressiva individual (vigor) e o turbilhonamento (motilidade em massa).

30) Quais são as causas de subfertilidade em touros?

Touros subférteis comprometem a fertilidade do rebanho, ocasionando grandes perdas de produção. Causas de ordem anatômica, fisiológica, endocrinológica, de meio ambiente, nutricional, genética, psicogênica ou patológica podem contribuir para a redução do potencial reprodutivo. O diagnóstico é efetuado pelo exame andrológico completo. 

31) Há diferença entre infertilidade e esterilidade em touros?

Sim. Infertilidade é a perda temporária da fertilidade, enquanto esterilidade é a perda permanente da fertilidade.

32) Quais as causas mais freqüentes de queda de fertilidade dos touros?

Duas das causas mais freqüentes são a alteração das características seminais, devido à idade, e aquelas decorrentes de deficiência nutricional, principalmente de proteína, energia, micro e macroelementos minerais. Doenças da esfera reprodutiva (brucelose, vibriose, tricomonose e leptospirose) afetam diretamente tanto a fertilidade do touro como a da vaca. Além disso, outras enfermidades que debilitam o estado geral do touro podem também reduzir a sua fertilidade. Touros de raças taurinas não-adaptadas às regiões tropicais apresentam acentuada redução da fertilidade, principalmente em razão de temperaturas elevadas.

33) Qual a relação entre o tamanho dos testículos e a fertilidade dos touros? Qual a importância do perímetro escrotal nos touros?

O tamanho dos testículos está mais relacionado com a produção de sêmen do que com a capacidade de fecundação dos espermatozóides. Touros com testículos mais desenvolvidos apresentam maior volume de ejaculado, podendo produzir maior número de doses de sêmen. Além disso, existe alta correlação entre o perímetro escrotal de touros jovens e a idade para a puberdade de suas meias-irmãs. O perímetro escrotal está diretamente relacionado com a precocidade sexual e com a fertilidade do touro; indica o seu potencial para a produção de sêmen. Touros zebuínos adultos devem ter mais de 30 cm de perímetro escrotal.

34) Que cuidados devem ser adotados no manejo de touros em monta natural, para manter a fertilidade?

Antes de tudo, deve-se considerar o estabelecimento de uma estação de monta, preferencialmente de curta duração (2 a 3 meses). Durante este período, deve ser mantida a relação adequada touro:vaca; devem ser utilizados touros de mesma idade e tamanho por lote de fêmeas, com a finalidade de se reduzirem as disputas e a influência dos touros mais agressivos. No caso de os touros dominantes serem subférteis, a fertilidade do rebanho será seriamente reduzida. Assim, é necessário fazer o exame andrológico antes do período de monta, pois, por meio dele, serão identificados os animais com problemas, permitindo que medidas corretivas sejam adotadas a tempo de não comprometer a fertilidade do rebanho.

35) Em que épocas os touros Nelore atingem a puberdade e a maturidade sexual?

Em média, touros Nelore, criados em sistema extensivo, atingem a puberdade aos 18 meses de idade, embora este fato esteja mais relacionado com o peso do que com a idade. Durante a puberdade, a ocorrência de anormalidades espermáticas é muito alta, diminuindo à medida que o animal se aproxima da maturidade sexual. Em média, machos da raça Nelore atingem a maturidade sexual com cerca de 24 meses de idade.

36) Qual a influência da variação estacional no desempenho reprodutivo de touros Zebu, em monta natural?

O peso do animal, o perímetro escrotal e as características do sêmen de touros são afetados pelas variações climáticas. Anomalias espermáticas, por exemplo, apresentam maiores índices de ocorrência no período de temperatura mais elevada e de maior umidade relativa do ar, independentemente do nível nutricional dos touros, embora dentro dos limites permitidos para uma boa fertilidade. Já o peso do animal e o perímetro escrotal são afetados negativamente durante o período seco. Como conseqüência, algumas características do sêmen são alteradas (volume, concentração etc.). A deficiência prolongada de nutrientes, durante o período seco, afeta vários mecanismos endócrinos, provocando a diminuição da secreção de hormônios ligados ao processo reprodutivo, ocasionando alterações da atividade testicular, reduzindo, assim, a capacidade reprodutiva dos machos.

37) Touros devem receber algum tipo de suplementação durante a estação de monta?

Depende das condições de alimentação dos touros no início do período de monta. A suplementação não será necessária se o período de monta ocorrer durante a estação chuvosa e os touros tiverem recebido alimentação adequada durante pelo menos 2 meses antes da monta. 

38) Quais os critérios de escolha para a compra de touros para rebanhos de corte?

Além da caracterização racial, devem ser considerados: o aspecto sadio do animal (vivacidade, pêlo liso, mucosas brilhantes), bom desenvolvimento ponderal, bons aprumos e disposição para monta a campo e, sobretudo, boa fertilidade. A avaliação de fertilidade pode basear-se na constituição e volume dos testículos e no exame de sêmen.

39) Qual a proporção normal de vacas em rebanhos de gado de corte? Por que os abates de vacas aumentam em determinados períodos e diminuem em outros?

Proporções de vacas e de bezerros nos rebanhos de corte dependem do tipo de atividade pecuária desenvolvida na propriedade (se exclusivamente de cria, se de cria e recria, ou de cria, recria e engorda) e da eficiência reprodutiva do rebanho. Nos rebanhos comuns (de cria, recria e engorda), a proporção de vacas varia em torno de 35%, e a de bezerros, em torno de 20%. Se a eficiência reprodutiva do rebanho for alta, diminui a proporção de vacas e aumenta a de bezerros, ocorrendo o inverso nos rebanhos de baixa eficiência reprodutiva. Os abates de vacas aumentam em determinados períodos e diminuem em outros porque os abates variam com o ciclo pecuário (ciclo de preços do gado). A matança de vacas é o principal componente da variação do abate total, já que o abate de bois é mais estável. A matança de vacas aumenta nos períodos de preços baixos e diminui quando os preços sobem.

40) O elevado abate de vacas pode comprometer o rebanho brasileiro?

Nos rebanhos estabilizados, o abate de vacas além da taxa normal de descarte tende a reduzir o rebanho. Este, porém, não é o caso do rebanho brasileiro, que ainda está em crescimento. Nos rebanhos em crescimento, a matança de vacas além da taxa normal de descarte pode desestruturar o rebanho e reduzir o ritmo de seu crescimento, mas não chega a comprometer seu efetivo básico. É o que se observa nos ciclos pecuários: a taxa de crescimento cai nos períodos de preços baixos, quando os criadores vendem mais vacas para o abate, e cresce nos períodos de preços altos, quando o rebanho se recompõe.

41) Como se calcula a taxa de crescimento do rebanho?

A taxa de crescimento de um rebanho varia em função dos índices zootécnicos (taxas de natalidade e de sobrevivência de crias, idade das novilhas à primeira parição e taxa de substituição de matrizes) e é determinada pela seguinte fórmula:onde: i é a taxa de crescimento, n é o número de anos do período considerado, e R representa o efetivo do rebanho no início (R1) e no fim (Rn) desse período. Por exemplo, para se calcular a taxa de crescimento do rebanho brasileiro no período de 1970 a 1985, tem-se: R1 (1970) = 78,56 milhões de cabeças; Rn (1985) = 128,04 milhões de cabeças e n = 15 anos. Aplicando-se a fórmula, obtém-se a taxa de 3,31%. Isto significa que, naqueles 15 anos, o rebanho cresceu, em média, 3,31% ao ano.

Referência Bibliográfica:
http://www.sct.embrapa.br/500p500r/Topico.asp?CodigoProduto=00013710&CodigoCapitulo=15

2 comentários:

  1. dizer que a informacao e boa. mais ha necessidade de se escrever a respeito do maneio geral do gado de corte no sector familiar.

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  2. ola gostaria de saber se o senhor poderia entrar em contato pra me ajudar em umas perguntas que tenho a fazer. (66) 8136-8524

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